sexta-feira, março 09, 2007

(647) CLARIFICAÇÃO

A alegada Direita do sistema, o PSD e o CDS, ainda não perceberam que o vazio ideológico e político que hoje se vive à direita do PS tem duas razões essenciais.

A primeira é a desastrosa experiência governativa que esses dois partidos interpretaram em co-autoria solidária. Hoje, dificilmente nos lembramos de uma, uma só, reforma, medida ou mudança que os Governos do PSD e do CDS, porque foram dois, tenham legado ao país. Olhando para trás, resta um período de mero poder, de ostentação de ambições pessoais, umas melhor sucedidas que outras, de confusões e de suspeições, que minaram profundamente a credibilidade desses partidos e da direita geométrica. Visto à distância esse tempo revela-se um parêntesis político que o país sofreu disciplinada a amarguradamente, de exercício inconsequente e de vazio político.

A segunda razão prende-se com o facto de, na essência esses dois partidos serem iguaizinhos a este PS, tirando algumas matérias simbólicas e pontuais. Por isso protestam contra o alegado furto político com que o PS de Sócrates teria vandalizado o seu espaço, o seu projecto, o seu programa. Na essência todos defendem as mesmas regras, o mesmo sistema, as mesmas medidas. Varia a quantidade, a intensidade e sobram os estilos pessoais. Se o líder fala melhor ou pior, é mais eficaz ou menos na televisão, se é mais sério ou menos, se é mais maquiavélico ou menos, se é mais verdadeiro ou dissimulado. Uma pobreza, em suma.

Ora, estamos nas vésperas de conseguir esta pérola política: PSD e CDS liderados por dois dos principais autores da desgraça, do vazio e da decadência da direita geométrica. Marques Mendes e Paulo Portas foram autores privilegiados do problema, não podem por natureza fazer parte da solução. É uma espécie de assombração. Tudo a jeito de Sócrates.

É evidente que, sentados nas cadeiras do poder, ambos podem ter um nobre projecto: estar sentados nas cadeiras do poder. À espera que a roda da sorte eleitoral mude e os bafeje com o rotativismo em que se instalaram, em que se deliciam e em que empatam uma alternativa política que fingem querer, mas que é apenas uma vazio disfarçado de pose.

Com os dois à frente do PSD e do CDS, estará criada uma oportunidade de ouro para clarificar uma alternativa verdadeira à esquerda e à direita geométrica que se alimenta dessa esquerda. Essa alternativa tem de começar pelo debate ideológico sobre o que fazer e para onde ir com o poder que o eleitorado atribuir. É neste projecto que se inserem os Estados Gerais da Direita promovidos pela Nova Democracia e cuja 1ª sessão terá lugar no próximo Domingo.
(publicado na edição de hoje do Semanário)

1 comentário:

Filipe Tourais disse...

Mas o Manuel Monteiro é mais do mesmo que referiu, varia apenas o estilo pessoal, que também referiu, e uma certa dose de incompetência: não soube manter-se no PP. Será alternativa? Não creio. Mas ouça-se o que tem para dizer, pior não será com certeza.