domingo, junho 17, 2007

(1148) O MEDO

(Octopus Vulgaris)

Fala-se de medo nos dias que correm na Pátria. Medo de escrever em blogues, medo de financiar estudos, medo de falar de assuntos quentes na comunicação social, agoara também medo de Directores Regionais de Educação. Funcionam um pouco por todo o lado os mecanismos invisíveis de coacção. De pessoas que escrevem nos blogues, de empresas que financiam estudos contrários às posições do Governo, de jornais que simpaticamente prescindem de jornalistas incómodos, e alguns visíveis como processos disciplinares. Valha a verdade que este fenómeno não é novo. Não é um exclusivo de Sócrates. Já foi assim, apenas porventura com variação da intensidade e do grau, com o PSD e com o CDS no poder.
Especialmente no que toca aos empresários, o medo de se saber que pagaram um simples estudo, que por ironia dos Deuses se vem a saber agora que foi combinado com Sócrates, revela apenas que em Portugal continua a não ser possível a economia funcionar sem o Estado. Quando um empresário que arrisca o seu capital precisa do Estado para ter hipóteses de sucesso, é porque não há mercado a sério, propriedade privada a sério, liberdade económica a sério. E esse é, há séculos, quer se queira quer não, o principal factor do atraso económico e social do país.
Mas há que dizer ainda outras duas coisas. Alguns dos chamados grandes empresários portugueses sempre preferiram acoitar-se no amparo dos dinheiros públicos e do encosto com o poder do que experimentar o negócio a sério. Dá mais trabalho certamente. É ver nomeadamente a pouca vergonha que se passou com as chamadas privatizações, que foram devoluções e não privatizações, com concursos públicos de fachada em muitos casos, com resultado pré-decidido.
Por último: desta situação tanto é responsável a pequenez dos políticos portugueses que têm tido o sortilégio de manobrar o Estado, como as vítimas deles, ou seja os portugueses, e no caso do estudo da CIP os financiadores ocultos, que preferem não se incomodar e denunciar. Como vêem agora, Roma não paga a traidores, mas também não paga a cobardes, esses idiotas inúteis nas mãos do poder (mas aqui para nós, caros empresários, a verdade é que já o sabiam, não é assim?).
Depois de ler o link que antecede, digam-me lá se isto tem salvação...

2 comentários:

Anónimo disse...

São os ressabiados do "arredanço" do "micro-micro-poder" - tristes fantoches.

António de Almeida disse...

-Tem salvação, mas não bastam umas quantas reformas que não passam duma mera operação de maquilhagem, será precisa uma "revolução", não!, não estou a falar daqueles discursos utópicos tão costumeiros no nosso país, estou a falar duma revolução de mentalidades, afinal a mais díficil de todas, mas não impossível, se como tenho afirmado muitas vezes, inclusive no blogue que mantenho "direito de opinião", passa é por uma reforma do sistema político, em que em primeiro lugar possamos deixar de eleger partidos, mas sim, candidatos, dirão os partidos mais pequenos, isso só favorece os 2 grandes partidos do sistema, eu respondo que tal não é obrigatório, porque entre um "boy" de serviço que não conheça de lado nenhum, e alguém mesmo que não oriundo da minha área política, no mínimo vou hesitar, e ao aproximar os eleitos doe eleitores, os primeiros se quiserem manter o lugar, terão de agradar em primeiro lugar aos cidadãos que o elegeram, e só depois aos aparelhos político-partidários, afinal o pior cancro da nossa democracia, e a única cura que conheço como possível para o cancro, é extirpá-lo, antes que ramifique, curiosamente faz-me lembrar um polvo, afinal tão parecido com as agências de trabalho tgemporário que são o PS e o PSD.