quinta-feira, abril 26, 2007

(939) DA DECÊNCIA

Numa democracia normal a luta política e a oposição ao Governo deve fazer-se através de programas, ideias e propostas sobre a sociedade e a organização do Estado. Numa democracia doente e degradada, a luta política faz-se através da discussão dos comportamentos dos políticos.

No 34º aniversário do PS José Sócrates disse que o PS quer uma democracia decente. Ora, decência é tudo aquilo que o PS não tem mostrado ter nos últimos tempos de Governo e de maioria. A proclamação revelou uma hipocrisia política aguda e chocante. Ainda ontem Sócrates deu mais um sinal ético, ao considerar um exemplo de ética a atitude de Pina Moura abandonar os cargos políticos e partidários para ir controlar a TVI. Não ocorreu ao Primeiro-Ministro que acumular a representação da Nação no Parlamento, um órgão de soberania, com os interesses empresariais espanhóis da Iberdrola fosse um exemplo anti-ético ou uma indecência. Sócrates é muito selectivo em matéria ética.

Mas é José Sócrates o primeiro a agir assim? Infelizmente, não. Outros que o antecederam no poder foram pioneiros. Durão Barroso, Paulo Portas, só para lembrar alguns dos mais recentes, foram ilustres percursores. E estão todos no activo. O que (temos de ter capacidade para ver os factores positivos) é uma boa notícia para quem tem uma noção séria e elevada da política. Fica mais nítida a diferença.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)

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