sexta-feira, setembro 14, 2007

(1612) O REGRESSO À TROCA DIRECTA

Nos primórdios da economia não havia moeda e as pessoas vendiam e compravam segundo o método da troca directa. Toma lá um quilo de batatas por uma camisa. Toma lá uma vaca por um bezerro. Era assim. Havia sítios próprios para o efeito, que aliás perduraram no tempo e sobreviveram ao advento da moeda: as feiras.

Parece encontrada uma solução para o pagamento da dívida da Câmara ao Beira-Mar. A Câmara entrega terrenos, uma casa e a gestão do estádio. Tá feito! De caminho parece, parece, que a EMA será extinta. E, segundo o discurso oficioso, fica também resolvido o problema da promiscuidade entre as funções de dirigente do Beira-Mar e Vereador do pelouro do Desporto do sucessor de Jorge Greno na Câmara Municipal.

Aparentemente, melhor que isto só mesmo abrir os bolsos e tirar computadores portáteis como se de um milagre das rosas se tratasse. Aqui o milagre não é das rosas, mas pode ser de espinhos.

Duvido muito da legalidade da entrega de terrenos municipais a um clube de futebol pela Câmara para pagar uma dívida de uma empresa municipal, ainda que se saiba que é a Câmara a “dona” da empresa que deve. E, cuidado, já não era a primeira vez que a Câmara Municipal, na actual gestão imprevista e impreparada tinha de refazer processos mal feitos à partida, como foi o caso do concurso para seleccionar a empresa que iria fazer a auditoria financeira às contas municipais, que teve de ser repetido.

Mas de uma coisa tenho a certeza: não fica resolvido o problema político da promiscuidade de funções do novo Vereador. No dia-a-dia da gestão municipal e da vida desportiva do Beira-Mar, interesses de clube e Câmara Municipal cruzam-se com a maior das facilidades e das naturalidades. Mais: o anunciado protocolo vai precisar de decisões de execução e nessas, legalmente, o Vereador está impedido de votar e de decidir. Trata-se de uma situação não apenas anómala como imprópria do ponto de vista de gestão e, sobretudo, do ponto de vista da preservação do bom nome de ambas as instituições.

Élio Maia tem certamente muitos problemas que o atormentam. Mas é preciso dizer que tem revelado imenso jeito para criar mais ainda.

Já agora só um lembrete: há alguns meses atrás a Câmara fez um protocolo com uma empresa, mais uma vez com contornos atípicos e nebulosos, no sentido dessa empresa angariar investimentos para Aveiro. Já há resultados? Quais os projectos em curso? Qual o montante de investimentos já angariados? Podem saber-se os nomes e as verbas? Antecipadamente grato pela atenção.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

1 comentário:

António de Almeida disse...

-O artigo começa "nos primórdios", pedindo desculpa por fugir ao tema, e que dizer dos vídeos disponibilizados por Menezes no Youtube? Quase apetece dizer aM/dM, onde se volta a falar num autarca modelo! Terei percebido bem?