Um país soberano e independente que gasta uns euros a fazer funcionar a diplomacia tem de se dar ao respeito. Deve prosseguir os seus interesses e mesmo sabendo que a real politik tem os seus incontornáveis mandamentos convém, se se trata de uma país civilizado, ter critérios claros e perceptíveis na sua política externa e no modo como se comporta com os outros Estados. Ninguém espera do Ruanda, do Sudão, ou do Uganda uma postura destas.
Se estivermos perante um país banana, as coisas passam-se assim: “eh pá não recebas esse gajo senão a malta aqui fica muito zangada. Vê lá, nós até aceitámos ir ao Congresso do PS, não nos desiludas agora.”. Nesse caso, o Governo do país banana responde: “eh pá estejam calmos, claro que não recebemos esse gajo por razões óbvias e conhecidas!”.
Dois sorrisos amarelos, um aperto de mão e a coisa está feita. Isto é uma modalidade do país capacho, que anda a toque de caixa. Que não tem dignidade própria, que corre a sopro estrangeiro, atento, venerando e obrigado. Uma vergonha portanto. Assim em abstracto não acredito que o leitor gostasse de exibir a cidadania desse país banana, muito menos espera que lhe esteja a falar de um país europeu e civilizado.
Mas se pusermos nomes a este episódio em abstracto descobriremos que poderíamos estar a falar de Portugal, do Presidente da República português, do Governo português, do Dalai Lama e da China. Presidente da República e Governo não recebem o Dalai Lama. E a própria Assembleia da República, que a princípio parecia ter um módico de compostura e civilidade, decidiu receber o Dalai Lama a título particular na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros.
Primeiro, ficámos a saber que um órgão de soberania tem actividades particulares. Eu, que pensava que no Parlamento só sucediam actos oficiais. Sempre a aprender. Depois, conclui-se que o próprio Parlamento sede da representação nacional, não nos representa tanto assim quanto seria expectável. Faz lembrar o caricato episódio de 2001, em que Jorge Sampaio, então Presidente da República, não recebeu o Dalai Lama, mas fez-se encontrar com ele no Museu Nacional de Arte Antiga. Assim do género míudo envergonhado com medo de ser apanhado a meter o dedo na mousse de chocolate.
Independentemente das ironias, importa afirmar claramente que a atitude dos órgãos de soberania portugueses é deplorável. Inúmeros políticos de Estados de todo o mundo, que têm inclusivamente relações políticas e económicas com a China, recebem o Dalai Lama. Sem medo, sem subserviência, sem se sujeitarem ao mandarinato diplomático. Os líderes portugueses não. E não o fazem, é preciso dizê-lo, por uma simples razão: porque não têm envergadura para exercer as funções que exercem. Representar um Estado digno exige um pouco mais que esperteza de agenda ou método de conquista de votos. Os nossos líderes são bons nisso. A representar o Estado é que deixam muito a desejar. Uma pena.
À chegada, o Dalai Lama desvaneceu a polémica com um sorriso e disse que não vinha para embaraçar. Mais se acentua o embaraço das instituições portugueses pela forma como se comportaram.
Se estivermos perante um país banana, as coisas passam-se assim: “eh pá não recebas esse gajo senão a malta aqui fica muito zangada. Vê lá, nós até aceitámos ir ao Congresso do PS, não nos desiludas agora.”. Nesse caso, o Governo do país banana responde: “eh pá estejam calmos, claro que não recebemos esse gajo por razões óbvias e conhecidas!”.
Dois sorrisos amarelos, um aperto de mão e a coisa está feita. Isto é uma modalidade do país capacho, que anda a toque de caixa. Que não tem dignidade própria, que corre a sopro estrangeiro, atento, venerando e obrigado. Uma vergonha portanto. Assim em abstracto não acredito que o leitor gostasse de exibir a cidadania desse país banana, muito menos espera que lhe esteja a falar de um país europeu e civilizado.
Mas se pusermos nomes a este episódio em abstracto descobriremos que poderíamos estar a falar de Portugal, do Presidente da República português, do Governo português, do Dalai Lama e da China. Presidente da República e Governo não recebem o Dalai Lama. E a própria Assembleia da República, que a princípio parecia ter um módico de compostura e civilidade, decidiu receber o Dalai Lama a título particular na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros.
Primeiro, ficámos a saber que um órgão de soberania tem actividades particulares. Eu, que pensava que no Parlamento só sucediam actos oficiais. Sempre a aprender. Depois, conclui-se que o próprio Parlamento sede da representação nacional, não nos representa tanto assim quanto seria expectável. Faz lembrar o caricato episódio de 2001, em que Jorge Sampaio, então Presidente da República, não recebeu o Dalai Lama, mas fez-se encontrar com ele no Museu Nacional de Arte Antiga. Assim do género míudo envergonhado com medo de ser apanhado a meter o dedo na mousse de chocolate.
Independentemente das ironias, importa afirmar claramente que a atitude dos órgãos de soberania portugueses é deplorável. Inúmeros políticos de Estados de todo o mundo, que têm inclusivamente relações políticas e económicas com a China, recebem o Dalai Lama. Sem medo, sem subserviência, sem se sujeitarem ao mandarinato diplomático. Os líderes portugueses não. E não o fazem, é preciso dizê-lo, por uma simples razão: porque não têm envergadura para exercer as funções que exercem. Representar um Estado digno exige um pouco mais que esperteza de agenda ou método de conquista de votos. Os nossos líderes são bons nisso. A representar o Estado é que deixam muito a desejar. Uma pena.
À chegada, o Dalai Lama desvaneceu a polémica com um sorriso e disse que não vinha para embaraçar. Mais se acentua o embaraço das instituições portugueses pela forma como se comportaram.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
1 comentário:
O MNE alemão confirmou hoje que Angela Merkel vai receber o Dalai Lama no próximo mês.
Palavras para quê?
Abraços.
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