Na política como na vida a realidade retrata-se em simbolismos. Eles reflectem a substância dos factos que está por detrás da forma. A forma não é neutra. E, por vezes em pequenos pormenores, é que se percebe em que espécie de país em que vivemos.
Neste domínio esta semana foi fértil.
Pina Moura, que durante dois anos acumulou a representação de interesses económicos estrangeiros em Portugal com a representação da Nação na Assembleia da República, pretendeu fazer uma intervenção parlamentar de despedida antes de se ir embora para presidir à Media Capital.
Seria finalmente o dia em que se perceberia que Pina Moura tinha sido deputado. Mas, azar dos Távoras, o próprio Pina Moura já não se lembrava que tinha renunciado ao mandato com efeito no dia em que pretendeu falar e já não pode despedir-se do local onde parece nunca ter verdadeiramente entrado.
Assim se vê o que é o Parlamento para muitos dos que lá passam. Um corredor para algures de que só se lembram quando saiem. Ivoluntariamente e por negligência do próprio, é certo, o silêncio é nesta história, o símbolo dos vícios do sistema político que este ex-deputado representa no seu máximo esplendor. Há pequenos deslizes que revelam toda uma cosmovisão.
Já em Lisboa, assistiu-se a outro formalismo que não deixa margem para dúvidas. O líder de um partido anunciou a queda de um Presidente de Câmara, ainda por cima eleito nas listas do mesmo partido como independente. Este comportamento revela que o político assim apeado na televisão em directo não existe verdadeiramente. Mas também mostra como o que conta é o chefe do partido e não a dignidade mínima do eleito.
É o expoente máximo da partidocracia. Está bem que Carmona Rodrigues é uma nulidade política, como os últimos meses vieram provar. Está bem que é incrível como o ainda Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, uma função muito mais relevante politicamente que pelo menos metade dos ministérios do Governo, tem andado calado e a fugir literalmente pelas ruas onde é localizado pela comunicação social, para não ter de dar explicações sobre o Titanic em que a sua equipa se transformou sob seu comando.
Mas Marques Mendes devia ter sido o último a falar. A responsabilização pelo exercício do poder, saudável regra que nas democracias dos nossos dias todos proclamam e reivindicam foi assim remetida, em Lisboa, para debaixo dos móveis carunchosos de um sistema político cheio de vícios que os principais partidos e os seus líderes insistem em exibir despudoradamente.
Neste domínio esta semana foi fértil.
Pina Moura, que durante dois anos acumulou a representação de interesses económicos estrangeiros em Portugal com a representação da Nação na Assembleia da República, pretendeu fazer uma intervenção parlamentar de despedida antes de se ir embora para presidir à Media Capital.
Seria finalmente o dia em que se perceberia que Pina Moura tinha sido deputado. Mas, azar dos Távoras, o próprio Pina Moura já não se lembrava que tinha renunciado ao mandato com efeito no dia em que pretendeu falar e já não pode despedir-se do local onde parece nunca ter verdadeiramente entrado.
Assim se vê o que é o Parlamento para muitos dos que lá passam. Um corredor para algures de que só se lembram quando saiem. Ivoluntariamente e por negligência do próprio, é certo, o silêncio é nesta história, o símbolo dos vícios do sistema político que este ex-deputado representa no seu máximo esplendor. Há pequenos deslizes que revelam toda uma cosmovisão.
Já em Lisboa, assistiu-se a outro formalismo que não deixa margem para dúvidas. O líder de um partido anunciou a queda de um Presidente de Câmara, ainda por cima eleito nas listas do mesmo partido como independente. Este comportamento revela que o político assim apeado na televisão em directo não existe verdadeiramente. Mas também mostra como o que conta é o chefe do partido e não a dignidade mínima do eleito.
É o expoente máximo da partidocracia. Está bem que Carmona Rodrigues é uma nulidade política, como os últimos meses vieram provar. Está bem que é incrível como o ainda Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, uma função muito mais relevante politicamente que pelo menos metade dos ministérios do Governo, tem andado calado e a fugir literalmente pelas ruas onde é localizado pela comunicação social, para não ter de dar explicações sobre o Titanic em que a sua equipa se transformou sob seu comando.
Mas Marques Mendes devia ter sido o último a falar. A responsabilização pelo exercício do poder, saudável regra que nas democracias dos nossos dias todos proclamam e reivindicam foi assim remetida, em Lisboa, para debaixo dos móveis carunchosos de um sistema político cheio de vícios que os principais partidos e os seus líderes insistem em exibir despudoradamente.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
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