Saiba quem me lê que no preciso momento em que o país discute finalmente a construção de um novo aeroporto e a sua localização, a União Europeia já começou a pagar a sua pequena parte da obra: 170 milhões de euros. Trata-se, como é evidente, de uma esmola insignificante num projecto que custará 3,1 mil milhões de euros a cálculos actuais e que custará certamente muito mais como todas as obras públicas em Portugal. Bruxelas, até agora, só desembolsou 8,5 milhões. Nem para pagar os estudos deve chegar.
Este caso ilustra bem a forma mentirosa e opaca como se faz política em Portugal. Os governos decidem e assumem compromissos financeiros em nome do país, sem que ninguém saiba. Enquanto os cidadãos pensam, ingenuamente, que o processo Ota ainda está no estimulante período de discussão pública, desconheciam que Durão Barroso (lembram-se quem é?) tinha entregue o projecto em Bruxelas. Isto, depois de ter afirmado em campanha eleitoral que enquanto existisse uma criança em lista de espera nos hospitais não haveria Ota nem TGV.
Marques Mendes deve estar certamente lembrado desta decisão, já que foi ministro de Barroso. Ou estará tomado de súbita amnésia? Resta-nos esperar que os grupos ecologistas de serviço encontrem umas aves esquisitas ou locais de nidificação de espécies raras para inverter o facto consumado. Assim se continua a gozar com os portugueses. De Lisboa a Bruxelas, em alta velocidade.
(publicado na edição de sexta-feira do Democracia Liberal)
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