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Trata-se de pagamentos indevidos, de fraude na utilização dessas verbas e de alguns ilícitos criminais. Não se sabe que deputados o fizeram. Os eurodeputados decidiram uma coisa muito simples perante o susto do regabofe: manter o relatório secreto para que ninguém conheça o pandemónio que vai por lá.
Apenas se sabe da existência do relatório porque um deputado inglês decidiu dizer publicamente que ele existe. No relatório secreto sobre a má utilização dos fundos dos eurodeputados no Parlamento Europeu aponta-se para uma fraude na ordem dos 140 milhões de euros.
O documento, que vai sendo conhecido às pinguinhas, terá de tudo: benefícios pessoais, fuga aos pagamentos à segurança social e o deputado liberal Chris Davies afirmou à BBC que um assistente de um deputado terá recebido um bónus de Natal equivalente a 19 salários.
A imprensa portuguesa, nomeadamente os correspondentes em Bruxelas, têm o péssimo hábito, aliás, muito pouco jornalístico, de manter um informal pacto de silêncio sobre notícias "desagradáveis" para a União Europeia. Mas por exemplo em Inglaterra, a BBC e o Times têm dado algumas notícias sobre o assunto, rompendo a “omertá” noticiosa militante com tenda montada em Bruxelas.
Mas ainda mais grave, alguns dos envolvidos tentaram, junto do Presidente do PE, limitar a divulgação pública do relatório que se encontra no Comité de Controlo Orçamental do PE, argumentando que era confidencial.
Este é apenas mais um episódio da falta de transparência e de credibilidade das instituições da União europeia. No caso particular da Parlamento Europeu, sabe-se que as respectivas eleições são normalmente pouco participadas pelo fraco interesse que despertam nos eleitores. Com a credibilidade pelas ruas da amargura se o relatório fosse conhecido, está bem de ver que nas próximas eleições europeias a abstenção seria ainda maior. E muito justamente.
De facto, o melhor castigo político que se pode aplicar a uma instituição que, tendo competências em matéria de aprovação do orçamento comunitário e de fiscalização dos outros, é ela própria a sede da fraude com fundos europeus, é uma gigantesca abstenção.
Este é apenas mais um episódio da falta de transparência e de credibilidade das instituições da União europeia. No caso particular da Parlamento Europeu, sabe-se que as respectivas eleições são normalmente pouco participadas pelo fraco interesse que despertam nos eleitores. Com a credibilidade pelas ruas da amargura se o relatório fosse conhecido, está bem de ver que nas próximas eleições europeias a abstenção seria ainda maior. E muito justamente.
De facto, o melhor castigo político que se pode aplicar a uma instituição que, tendo competências em matéria de aprovação do orçamento comunitário e de fiscalização dos outros, é ela própria a sede da fraude com fundos europeus, é uma gigantesca abstenção.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
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