À força, como sempre tem sucedido, José Sócrates lá remodelou. Mas desta vez o estilo de Sócrates não foi o de Cavaco Silva. A remodelação foi à Guterres. Com Cavaco Silva as remodelações eram secas, rápidas, letais. De preferência ao fim de semana, com os mercados em descanso e o povo de fim de semana. Com Guterres, as remodelações eram lentas, debatidas na rua, penosas, trapalhonas. Chegou a estar um ministro num debate no Parlamento e, simultaneamente, a ser corrido em osso pela rádio, perante a estupefacção do próprio e da bancada socialista.
A remodelação demonstra que Sócrates é, afinal, um Primeiro-Ministro acossado, sem iniciativa e que anda a reboque de mensagens, temores e contestações. A reboque de mensagens de Cavaco Silva, de temores de Manuel Alegre e de um eventual novo partido, e de contestações de rua às suas políticas.
Importa reter três factos desta semana negra do Governo.
O primeiro: ainda ninguém sabe quem decidiu a remodelação. Se foram os próprios que pediram para sair, se foi o Primeiro-Ministro que decidiu que saíam. Num dia foram os remodelados que pediram, no outro foi Sócrates que decidiu, num terceiro foi ainda uma conjugação de vontades. Parece uma novela futebolística típica da substituição de treinadores.
O segundo: todos perceberam a escolha do dia. Essa escolha foi decidida de supetão, para desviar as atenções dos discursos de Marinho Pinto, do relatório sobre os voos da CIA e das atenções à volta da cerimónia de abertura do ano judicial, em que Cavaco Silva aproveitou para fazer a Alberto Costa, o que fez a Correia de Campos na mensagem de Ano Novo, isto é, traçar-lhe o destino.
O terceiro: o conteúdo da remodelação suscita a maior das perplexidades. Quanto à cultura, o ministério é irrelevante e devia ser extinto. Para distribuir subsídios bastaria uma assessoria contabilística no gabinete do ministro das Finanças. Não conta. É apenas mais um aparelho político para reconhecer serviços e colocar pessoal político.
Mas quanto à saúde, não se entende. Sócrates escolheu uma pessoa que é demandada pelo próprio Estado em tribunal por ter autorizado pagamentos indevidos no Hospital Amadora Sintra. O processo está pendente em tribunal e mandaria o elementar bom senso que uma pessoa nestas condições não fosse chamada a funções governamentais, sobretudo na mesma área, enquanto o assunto não estivesse resolvido. Mas não. A própria parece entender que não é nada com ela e o Primeiro-Ministro, sem capacidade de recrutamento, está por tudo.
Depois admiram-se de certos discursos.
O que é de registar em conclusão é que politicamente esta remodelação foi uma operação política falhada. Ninguém hoje pensa do Governo coisa diferente do que já pensava antes.
A remodelação demonstra que Sócrates é, afinal, um Primeiro-Ministro acossado, sem iniciativa e que anda a reboque de mensagens, temores e contestações. A reboque de mensagens de Cavaco Silva, de temores de Manuel Alegre e de um eventual novo partido, e de contestações de rua às suas políticas.
Importa reter três factos desta semana negra do Governo.
O primeiro: ainda ninguém sabe quem decidiu a remodelação. Se foram os próprios que pediram para sair, se foi o Primeiro-Ministro que decidiu que saíam. Num dia foram os remodelados que pediram, no outro foi Sócrates que decidiu, num terceiro foi ainda uma conjugação de vontades. Parece uma novela futebolística típica da substituição de treinadores.
O segundo: todos perceberam a escolha do dia. Essa escolha foi decidida de supetão, para desviar as atenções dos discursos de Marinho Pinto, do relatório sobre os voos da CIA e das atenções à volta da cerimónia de abertura do ano judicial, em que Cavaco Silva aproveitou para fazer a Alberto Costa, o que fez a Correia de Campos na mensagem de Ano Novo, isto é, traçar-lhe o destino.
O terceiro: o conteúdo da remodelação suscita a maior das perplexidades. Quanto à cultura, o ministério é irrelevante e devia ser extinto. Para distribuir subsídios bastaria uma assessoria contabilística no gabinete do ministro das Finanças. Não conta. É apenas mais um aparelho político para reconhecer serviços e colocar pessoal político.
Mas quanto à saúde, não se entende. Sócrates escolheu uma pessoa que é demandada pelo próprio Estado em tribunal por ter autorizado pagamentos indevidos no Hospital Amadora Sintra. O processo está pendente em tribunal e mandaria o elementar bom senso que uma pessoa nestas condições não fosse chamada a funções governamentais, sobretudo na mesma área, enquanto o assunto não estivesse resolvido. Mas não. A própria parece entender que não é nada com ela e o Primeiro-Ministro, sem capacidade de recrutamento, está por tudo.
Depois admiram-se de certos discursos.
O que é de registar em conclusão é que politicamente esta remodelação foi uma operação política falhada. Ninguém hoje pensa do Governo coisa diferente do que já pensava antes.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
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