Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo,
Permita-me esta liberdade de cidadão contribuinte, de me dirigir publicamente a V. Exa., esta ousadia jornalística de publicar esta modesta epístola nas páginas da imprensa.
Quero informar V. Exa. que lhe reconheço o direito à eternidade, o direito ao nome da rua, o direito à estátua na rotunda mais apropriada, até lhe reconheço o direito ao nome no estádio municipal (aqui apenas é de recomendar alguma cautela dados os exemplos nos concelhos contíguos sobre a despesa, é que as facturas, como se sabe, as maganas, chegam sempre…).
Não estão em causa os direitos, pois.
Também louvo a propensão de V. Exa. para a escrevinhação. Gosto de ler livros, e penso que todos devíamos escrever pelo menos um na nossa curta vida. Lá está: a árvore, o livro e o filho, o velho projecto de vida conservador….
Sabe que o considero, dentro dos parâmetros lusitanos, um bom autarca e já tive até oportunidade de comprovar pessoalmente que algumas das suas ideias gerais sobre a política, as autarquias e o país, são muito mais próximas das minhas do que as do seu partido. Mas lá está: também o direito de militar onde lhe aprouver lhe reconheço.
Soube que decidiu entretanto, verter a sua obra de autarca em livro. Quero felicitá-lo vivamente pela decisão. Escrever é responsabilizar, embora nos dias que correm já se tenha percebido que no PS e no PSD, o seu partido, muito do que se escreve não vale nada, porque apenas meses depois podemos constatar que fazem exactamente o contrário do que escreveram.
Em todo o caso, escrever e editar é bom. Os portugueses precisam de ler, há até um plano nacional de leitura e tudo quanto seja entreter a juventude com livros em prejuízo dos Morangos com Açúcar é uma obra de caridade.
Mas soube uma coisa que me deixou de pé atrás.
Li algures que o seu livrinho vai ser pago, vai ser pago, vai ser pago por quem? Pela autarquia!
Confesso que primeiro fiquei meio aparvalhado com o que me pareceu ser um dislate sobre o depauperado erário municipal. Depois pensei, ná…, é apenas intriga jornalística. Ou há editora metida ao barulho ou será uma edição de autor paga do próprio bolso.
Até porque já o estou a ver, caro autarca, na pele de Secretário-Geral do PSD a comentar uma eventual decisão de José Sócrates editar um livro com a sua cara na capa e sobre a sua obra no Governo a pagar pela rubrica dos Encargos Gerais da Nação do Orçamento do Estado. Estou mesmo a vê-lo a comentar…
Daí que não acredite. Os jornais são uns malandros… o que eles dizem. Faça lá a festarola de lançamento do livrito. Passei-se nas ruas. Fale ao povo. Discurse. Disfrute da obra. É justo. Mas veja lá quem paga esse prazer pessoal. É que o prazer não é assunto público, excepto como se sabe, o prazer de fumar o cigarrito.
Receba os cumprimentos e as saudações literárias deste humilde contribuinte.
Permita-me esta liberdade de cidadão contribuinte, de me dirigir publicamente a V. Exa., esta ousadia jornalística de publicar esta modesta epístola nas páginas da imprensa.
Quero informar V. Exa. que lhe reconheço o direito à eternidade, o direito ao nome da rua, o direito à estátua na rotunda mais apropriada, até lhe reconheço o direito ao nome no estádio municipal (aqui apenas é de recomendar alguma cautela dados os exemplos nos concelhos contíguos sobre a despesa, é que as facturas, como se sabe, as maganas, chegam sempre…).
Não estão em causa os direitos, pois.
Também louvo a propensão de V. Exa. para a escrevinhação. Gosto de ler livros, e penso que todos devíamos escrever pelo menos um na nossa curta vida. Lá está: a árvore, o livro e o filho, o velho projecto de vida conservador….
Sabe que o considero, dentro dos parâmetros lusitanos, um bom autarca e já tive até oportunidade de comprovar pessoalmente que algumas das suas ideias gerais sobre a política, as autarquias e o país, são muito mais próximas das minhas do que as do seu partido. Mas lá está: também o direito de militar onde lhe aprouver lhe reconheço.
Soube que decidiu entretanto, verter a sua obra de autarca em livro. Quero felicitá-lo vivamente pela decisão. Escrever é responsabilizar, embora nos dias que correm já se tenha percebido que no PS e no PSD, o seu partido, muito do que se escreve não vale nada, porque apenas meses depois podemos constatar que fazem exactamente o contrário do que escreveram.
Em todo o caso, escrever e editar é bom. Os portugueses precisam de ler, há até um plano nacional de leitura e tudo quanto seja entreter a juventude com livros em prejuízo dos Morangos com Açúcar é uma obra de caridade.
Mas soube uma coisa que me deixou de pé atrás.
Li algures que o seu livrinho vai ser pago, vai ser pago, vai ser pago por quem? Pela autarquia!
Confesso que primeiro fiquei meio aparvalhado com o que me pareceu ser um dislate sobre o depauperado erário municipal. Depois pensei, ná…, é apenas intriga jornalística. Ou há editora metida ao barulho ou será uma edição de autor paga do próprio bolso.
Até porque já o estou a ver, caro autarca, na pele de Secretário-Geral do PSD a comentar uma eventual decisão de José Sócrates editar um livro com a sua cara na capa e sobre a sua obra no Governo a pagar pela rubrica dos Encargos Gerais da Nação do Orçamento do Estado. Estou mesmo a vê-lo a comentar…
Daí que não acredite. Os jornais são uns malandros… o que eles dizem. Faça lá a festarola de lançamento do livrito. Passei-se nas ruas. Fale ao povo. Discurse. Disfrute da obra. É justo. Mas veja lá quem paga esse prazer pessoal. É que o prazer não é assunto público, excepto como se sabe, o prazer de fumar o cigarrito.
Receba os cumprimentos e as saudações literárias deste humilde contribuinte.
(publicado no Diário de Aveiro)
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