sexta-feira, dezembro 14, 2007

(1858) TRAPALHADAS

O problema das relações entre a política e o futebol tem dado água pela barba. Aparentemente, em Aveiro, ninguém reparou neste pequeno pormenor ao longo dos últimos anos. A Câmara Municipal de Aveiro, pelas mãos socialistas do “faz agora, paga depois,” meteu-se numa alhada, como se chama em bom português, com o Beira-Mar.

A coligação PSD/CDS/PEM herdou a alhada e agravou-a.

Desde o início do actual mandato que se tem verificado uma condenável e lamentável promiscuidade entre a Câmara e o Beira-Mar. Onde o bom senso aconselha a separação das águas, o Executivo misturou-as. Onde a transparência manda que não exista confusão de responsáveis, o Executivo promoveu essa confusão.

Já se viu noutras situações, noutras Câmaras Municipais, que este método só pode resultar numa confusão política e numa nebulosa de suspeição perniciosa para todos.

Além do PSD, do CDS e do PEM (Partido de Élio Maia), a Câmara Municipal de Aveiro tem um novo partido na coligação: o PBM, o Partido do Beira-Mar.

O Beira-Mar é uma instituição de Aveiro e tem todo o direito a ver os seus problemas resolvidos por quem os criou. A Câmara Municipal tem o estrito dever de honrar os compromissos que assumiu. O que nem um, nem a outra têm o direito é de resolver esses problemas e satisfazer esses compromissos de forma ínvia, sem transparência, e com manobras escondidas e não assumidas frontalmente perante os aveirenses.

É dinheiro público que está em causa. São bens públicos que estão em causa. São compromissos públicos que estão em causa. É o interesse público que está em causa. Os segredos e os esquemas devem estar afastados deste processo. Sob pena dele se agravar, em vez de se resolver.

Neste ponto se vê, aliás, como todos se portam mal. O PSD assobia para o lado como se não fosse deste mundo. O PS, foge das cadeiras, das mesmas cadeiras onde há uns anos criou o problema. O CDS, de uma forma patética, não se exime em exibir os piores vícios do sistema, com uma promiscuidade de interesses que faz com que não se saiba onde acaba o clube e começa o partido, onde termina o partido e começa o clube. Élio Maia, esse, está no meio da sanduíche, tentando fazer o impossível, isto é, a quadratura do círculo.

De tudo o que não se sabe, é importante que a Câmara esclareça publicamente três questões fundamentais: qual o montante efectivo da dívida actual da Câmara para com o Beira-Mar? Qual o valor dos bens que a Câmara pretende entregar ao Beira-Mar para saldar a dívida? O que pode ou não pode o Beira-Mar fazer com esses bens?

Sem uma resposta clara a estas dúvidas não há hipótese de resolver bem, isto é, definitivamente, este problema tipicamente socialista, que os socialistas à direita do PS estão a agravar. A última coisa que seria desejável e admissível seria uma espécie de “felgueirização” de Aveiro.

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

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