Antigamente dizia-se que às vezes o silêncio vale por mil palavras. Hoje, na era da imagem e da televisão, deixou de ser o silêncio a valer por mil palavras e passou a ser o gesto. A atitude tem ilustres artistas, o maior deles, Marcel Marceau, acaba, aliás, de falecer deixando um lugar por preencher na difícil arte do mimo.
É assim que, no meio da algazarra das quotas, dos cadernos eleitorais, dos insultos, da agressividade e do vazio de ideias em que mergulhou a campanha das directas no PSD, surge um motivo para debater a sério. Por causa do gesto. Dos tais que valem mais que mil palavras.
Santana Lopes deixou o estúdio da SIC Notícias a meio de uma entrevista porque foi interrompido para um directo da chegada de José Mourinho ao aeroporto da Portela. Santana Lopes fez muito bem. A informação televisiva, de uma forma geral, é hoje um imenso arsenal de chouriço corrente. Directos a despropósito, sem notícias, sem informação, com frases simples e ocas repetidas até à náusea, para satisfazer uma alegada insaciabilidade das audiências e um alegado voyeurismo da populaça.
Claro que há excepções. Mas a esta onda febril de mostrar coisa nenhuma, nem o serviço público de televisão tem escapado.
Ora, o que fez Santana Lopes? Fez uma coisa muito simples: disse, de forma enfática ao levantar-se da cadeira que a informação televisiva não pode ser uma máquina de vazio e que tem de respeitar valores. Santana Lopes prestou um serviço público.
Claro que, como se esperava, a SIC não percebeu nada. Ricardo Costa veio dizer que a reacção de Santana Lopes foi “inusitada e desproporcionada” e não se justificava. Talvez esta reacção se baseie na raridade da atitude. A verdade é que as pessoas têm aceite tudo, têm-se resignado a tudo, nas televisões. Trocam o segundinho da fama por qualquer dislate, por qualquer desrespeito. A surpresa é desta vez, causa justificativa da reacção.
A atitude foi justamente inusitada, inesperada, é certo. Não é hábito. Mas desproporcionada é que não foi. Tratou-se da chegada a um aeroporto de um treinador de futebol. Por muito bom que ele seja e é, há que ter o sentido das proporções. Desproporcionado, na verdade, é as televisões encherem chouriços com coisa nenhuma, mais a mais, interrompendo entrevistas de forma essa sim inusitada e desproporcionada.
É assim que, no meio da algazarra das quotas, dos cadernos eleitorais, dos insultos, da agressividade e do vazio de ideias em que mergulhou a campanha das directas no PSD, surge um motivo para debater a sério. Por causa do gesto. Dos tais que valem mais que mil palavras.
Santana Lopes deixou o estúdio da SIC Notícias a meio de uma entrevista porque foi interrompido para um directo da chegada de José Mourinho ao aeroporto da Portela. Santana Lopes fez muito bem. A informação televisiva, de uma forma geral, é hoje um imenso arsenal de chouriço corrente. Directos a despropósito, sem notícias, sem informação, com frases simples e ocas repetidas até à náusea, para satisfazer uma alegada insaciabilidade das audiências e um alegado voyeurismo da populaça.
Claro que há excepções. Mas a esta onda febril de mostrar coisa nenhuma, nem o serviço público de televisão tem escapado.
Ora, o que fez Santana Lopes? Fez uma coisa muito simples: disse, de forma enfática ao levantar-se da cadeira que a informação televisiva não pode ser uma máquina de vazio e que tem de respeitar valores. Santana Lopes prestou um serviço público.
Claro que, como se esperava, a SIC não percebeu nada. Ricardo Costa veio dizer que a reacção de Santana Lopes foi “inusitada e desproporcionada” e não se justificava. Talvez esta reacção se baseie na raridade da atitude. A verdade é que as pessoas têm aceite tudo, têm-se resignado a tudo, nas televisões. Trocam o segundinho da fama por qualquer dislate, por qualquer desrespeito. A surpresa é desta vez, causa justificativa da reacção.
A atitude foi justamente inusitada, inesperada, é certo. Não é hábito. Mas desproporcionada é que não foi. Tratou-se da chegada a um aeroporto de um treinador de futebol. Por muito bom que ele seja e é, há que ter o sentido das proporções. Desproporcionado, na verdade, é as televisões encherem chouriços com coisa nenhuma, mais a mais, interrompendo entrevistas de forma essa sim inusitada e desproporcionada.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
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