sexta-feira, setembro 07, 2007

(1566) ESTAMOS FARCADOS!

(Ingrid Betancourt)

Repetindo atitude que tem há vários anos o PCP convidou mais uma vez as FARC para a Festa do Avante. Ao princípio, o PCP não escondia que eram mesmo as FARC que cá vinham. É possível ler nas listas antigas de convidados de Festas anteriores do Avante o nome da tenebrosa organização terrorista colombiana no elenco das vedetas da Festa do Avante. Depois, em vez das FARC, começaram a ser enviados representantes da imprensa das FARC. Parece que foi o que sucedeu o ano passado. Este ano, quem vem é o Partido Comunista Colombiano, que nem uma espécie de Batasuna das FARC é. É mais um órgão das FARC para efeitos de feiras e exposições.

As FARC são uma organização terrorista, como tal classificada pelos EUA e pela União Europeia. Uma organização que rapta, sequestra e mata. Uma organização altamente embrenhada e financiada na indústria do narcotráfico. São estes os amigos colombianos do PCP. Gente pacífica e recomendável como se vê, que nenhum cidadão hesitaria em convidar para sua casa…

Não surpreende que o PCP esteja confortável com tão ilustre presença na sua Festa. Trata-se, sempre se tratou de um partido intrinsecamente anti-democrático, que tem uma concepção de democracia e de liberdade onde só cabe o PCP e os seus amigos. Basta lembrar como o PCP apoiou historicamente as mais sanguinárias experiências totalitárias nos países comunistas do Leste e como apoia hoje as ditaduras cubana e norte coreana, para perceber de quem estamos a falar e de como os direitos do homem para os comunistas dependem de saber primeiro de que homem se trata.

O problema essencial já nem é este. O problema essencial é ver como o Estado português não actua numa situação destas. E como a chamada democracia de opinião que inunda a comunicação social convive, silenciosa, indiferente ou cúmplice com esta vergonha. Imagine-se por instantes que viriam a Portugal organizações de extrema-direita classificadas pela União Europeia como organizações terroristas. Imaginem as polícias. Imaginem as manchetes. Imaginem os debates nas televisões. Imaginem o Prof. Boaventura na sua coluna semanal a esclarecer que as transformações sociais boas, como as dos bandidos de Silves, exigem violência, mas que esta violência devia ser tratada impiedosamente pelo Estado e pela polícia.

Não é difícil imaginar. Aconteceu algo semelhante há meses atrás em Lisboa. E a reunião não se chegou a fazer. Mas com a extrema-esquerda, onde incluo o PCP, tudo é diferente. Existe uma espécie de privilégio da impunidade. O Estado, para a Festa do Avante, não controla as entradas de terroristas em Portugal. Os opinion makers não opinam, salvo honrosíssimas excepções. A comunicação social distrai-se, salvo honrosíssimas excepções. O Ministério Público fica sentado. A polícia, essa, enfim, nem em flagrante delito como em Silves, quanto mais…

Numa palavra: estamos Farcados.

(publicado na edição de hoje do Semanário)

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