segunda-feira, junho 25, 2007

(1184) O TURISMO DO CHI-CHI



(Urinol)
Cinco anos depois da mudança da velha para a nova Aldeia da Luz, devido à construção da barragem do Alqueva, vale a pena ver como o poder em Portugal trata as pessoas e como se esquece rapidamente das promessas que faz às pessoas quando lhe convém. Apenas um cheirinho da entrevista do Presidente da Junta de Frequesia, Francisco Oliveira:
"Como vê esta aldeia cinco anos depois?
Francisco Oliveira – Está pior em todos os aspectos. Os compromissos que fizeram connosco não foram cumpridos e as pessoas estão saturadas de uma vida instável e angustiadas por não conhecerem o futuro. Sentimo-nos despejados neste lugar.
Quais eram esses compromissos?
Desde a construção do centro artesanal, passando pela marina, adega, posto de recolha de azeitona e parque de merendas. Nunca mais ninguém ligou à aldeia. Dentro da povoação há ruas em estado lastimável e ninguém sabe se é a EDIA ou a Câmara de Mourão que têm responsabilidade por estas situações.
O que fez para resolver os problemas?
Estou farto de mendigar, mas como esta é uma freguesia sem lei, a junta não tem competências para poder actuar no planeamento. Sinto-me impotente para resolver os problemas. Em 2005, fui ameaçado numa reunião na Câmara de que pagaria 250 mil euros se mexesse no Largo 25 de Abril. Queria apenas pôr umas árvores e uns bancos para os velhotes se sentarem. Na altura estive para fechar a porta da Junta, mas senti que ao fazê-lo estava a ser cobarde para a população, que não tem culpa das maldades que os governos fizeram à aldeia.
O turismo é uma realidade ou uma ‘miragem’?
O Alqueva não deu nada à aldeia, só tirou. Com o consentimento de alguém, a albufeira matou todo o concelho de Mourão. O que é que nós temos para oferecer? Nada. Até já fecharam dois cafés porque não há gente para eles. Os turistas vêm à aldeia para visitar o museu e fazer chichi.

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