Acho muito bem que ponham 4.000 polícias, mais helicópteros, aviões, lanchas rápidas, sondas de todo o género, GPS’s, polícias ingleses importados, cães treinados, populares organizados (suponho que os politicamente correctos já não se importarão muito com estas milícias populares), brigadas de estrada, e o que mais Deus permitir à procura da criança britânica que foi abandonada no quarto de uma aldeamento turístico da Praia da Luz, no All Garve (segundo os mapas pacóvios e deslumbrados da Pinholândia parola que nos desgoverna), pelos pais.
Acho mesmo muito bem e só me atrevo a discordar por defeito. Sim senhor, acho pouco. Acho que deviam meter ao barulho polícias espanhóis, franceses (apesar de parecer que andam com uma agenda muito preenchida devido à agressividade da escumalha local de subúrbio que se dedica ao passatempo de incendiar carros e bater nos próprios por causa de uma senhora que se ri sempre ter perdido umas eleições democráticas), alemães, italianos, holandeses e o mais que se puder. Incluindo naturalmente as forças disponíveis da NATO, apesar do recrudescimento das ofensivas talibãs no Afeganistão.
As crianças valem tudo o que se possa fazer por elas. Valem mesmo. Tudo mesmo. Elas são o melhor do mundo.
É por isso que me sinto revoltado. Não pelo que se está a fazer para encontrar a Madalena. Claro. Mas apenas por causa de um pormenor de somenos importância: por termos tido a possibilidade de dispôr de uma dúzia de polícias, mais uns quantos canídeos e uma escavadora para encontrar a pequena Joana, a qual, de resto, não se sabe de ciência certa se está viva, morta e no primeiro caso, onde está.
Sim, sim, eu sei. A Joana era pobre, portuguesa, teve o azar de nascer numa família problemática, não se chamava Joanne, não estava em turismo no All garve, não tinha pais ingleses nem amigos na Sky News, não foi abandonada num aldeamento turístico enquanto os pais jantavam calmamente, mas apenas em sua própria casa, nem tendo tido assim a sorte de se ter tornado um incómodo para a indústria do turismo.
Coitada da Joana. Ela não conhecia o mundo. O que teve certamente a vantagem de a poupar às misérias do desinteresse geral perante a sua sorte. Evidentemente que a pequena Joana nunca seria capaz de irritar a Presidência portuguesa e amaciar o fervor soberanista dos ministros Costas para autorizarem uma importação de polícias no seu caso. Aliás, a Joana não é nem nunca foi caso. Que pena termos precisado da Madalena para o perceber.
Acho mesmo muito bem e só me atrevo a discordar por defeito. Sim senhor, acho pouco. Acho que deviam meter ao barulho polícias espanhóis, franceses (apesar de parecer que andam com uma agenda muito preenchida devido à agressividade da escumalha local de subúrbio que se dedica ao passatempo de incendiar carros e bater nos próprios por causa de uma senhora que se ri sempre ter perdido umas eleições democráticas), alemães, italianos, holandeses e o mais que se puder. Incluindo naturalmente as forças disponíveis da NATO, apesar do recrudescimento das ofensivas talibãs no Afeganistão.
As crianças valem tudo o que se possa fazer por elas. Valem mesmo. Tudo mesmo. Elas são o melhor do mundo.
É por isso que me sinto revoltado. Não pelo que se está a fazer para encontrar a Madalena. Claro. Mas apenas por causa de um pormenor de somenos importância: por termos tido a possibilidade de dispôr de uma dúzia de polícias, mais uns quantos canídeos e uma escavadora para encontrar a pequena Joana, a qual, de resto, não se sabe de ciência certa se está viva, morta e no primeiro caso, onde está.
Sim, sim, eu sei. A Joana era pobre, portuguesa, teve o azar de nascer numa família problemática, não se chamava Joanne, não estava em turismo no All garve, não tinha pais ingleses nem amigos na Sky News, não foi abandonada num aldeamento turístico enquanto os pais jantavam calmamente, mas apenas em sua própria casa, nem tendo tido assim a sorte de se ter tornado um incómodo para a indústria do turismo.
Coitada da Joana. Ela não conhecia o mundo. O que teve certamente a vantagem de a poupar às misérias do desinteresse geral perante a sua sorte. Evidentemente que a pequena Joana nunca seria capaz de irritar a Presidência portuguesa e amaciar o fervor soberanista dos ministros Costas para autorizarem uma importação de polícias no seu caso. Aliás, a Joana não é nem nunca foi caso. Que pena termos precisado da Madalena para o perceber.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
2 comentários:
Concordo em absoluto com a sua opinião.
Em relação á Madeleine McCann,o problema reside na formação, é que todos os intrevenientes tiram o curso de Inglês Técnico na Independente!
Vamos lá a ver uma coisa. Eu compreendo o drama do rapto da miúda. E sinto até alguma empatia para com os pais, mesmo sendo ingleses de férias no Algarve. Mas é impressão minha, ou esta história do rapto da criança está completamente desproporcionada na nossa comunicação social? O que é que esta miúda tem a mais em relação a todos os outros rapazes e raparigas raptados todos os anos no nosso país?
A euforia dos meios de comunicação relativamente à não divulgação do retrato-robot do suspeito ainda parece mais imbecil. Em primeiro lugar, porque as próprias autoridades inglesas - sensacionalistas até dizer basta - usam e abusam da comunicação social nestes casos, e não é por isso que têm o hábito particular de encontrar vítimas com vida (como as histórias mais recentes bem o demonstram). E em segundo lugar, porque os retratos-robot são muito feios, sem vida e algo ridículos. Sempre que surge uma imagem-robot na televisão, as opiniões dividem-se. Algumas pessoas encontram imediatamente trinta suspeitos para a foto apresentada. Outras acham que aquilo não se assemelha a nenhum ser humano considerado normal. E onde há ambiguidade, nunca há certeza.
Não seria melhor se deixassem os polícias fazer o seu trabalhinho e deixá-los lançar a mão ao suspeito, em vez de os perseguirem com câmaras a todos os instantes? O raptor quase que pode evitar a polícia se tiver uma televisão portátil ligada!
Já agora, que tal dar outras notícias? De certeza que há mais coisas a acontecer no mundo. Coisas dignas de serem noticiadas e, provavelmente, menos insultuosas para os pais portugueses que vêm as suas crianças raptadas todos anos e que nunca merecem uma fracção desta atenção.
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