Em democracia a oposição é tão importante como o Governo. Existe entre nós uma dúvida clássica sobre se a melhor estratégia a adoptar é estar sentado à espera que o poder caia no colo, ou fazer política de forma combativa, mostrando alternativas. Existe também entre nós a ideia que não é a oposição que ganha eleições mas sim o partido do poder que as perde. A história, salvo o exemplo atípico do Governo Santana Lopes/Paulo Portas (o único exemplo de Governo directamente derrotado nas urnas), parece dar razão a esta tese.
Na verdade, Cavaco Silva ganhou em 1985 não a Mário Soares, então Primeiro-Ministro, mas a Almeida Santos. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se fosse Mário Soares o “candidato” a Primeiro-Ministro do PS de então. António Guterres, em 1995 também não ganhou a Cavaco Silva, mas a Fernando Nogueira. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se fosse Cavaco Silva o “candidato” a Primeiro-Ministro do PSD de então. Durão Barroso também não ganhou em 2002 a António Guterres, mas a Ferro Rodrigues. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se fosse António Guterres o “candidato” a Primeiro-Ministro do PS de então.
Parece indiciar-se assim que se Sócrates se candidatar outra vez, não há oposição que valha. Parece. O clima que se vive faz lembrar o de 1991. Então também o país publicado era da oposição e o país real não só votou outra vez cavaco Silva, como lhe ampliou a maioria. Mas para mudar as regras basta uma primeira vez. Como bastou em 1987, quando Cavaco Silva obteve a primeira e até então considerada impossível no nosso sistema eleitoral, maioria absoluta de um só partido.
Só que para que essa regra possa mudar é necessário que várias condições se reúnam e uma delas é ter uma oposição credível. Coisa que em Portugal, neste momento, cumpre reconhecer que não existe.
O PS invadiu o eleitorado do centro-direita. Por sua vez, o PSD e o CDS não aprenderam nada com a humilhação eleitoral de 2005 e repetem na primeira fila os mesmos protagonistas que então se estatelaram na maioria absoluta de Sócrates, por sinal, a primeira do PS.
Resultado: a oposição é hoje o PCP, que cavalga a rua, acolitado por um Bloco de Esquerda repetitivo e sem frescura. Evidentemente que uma coisa é liderar politicamente a oposição, outra bem diferente é ter hipóteses de ganhar eleições. O PCP nunca as ganhará.
Do lado direito o cenário é desastroso. Luís Filipe Menezes irá certamente disputar as eleições. O PSD não tem hoje projecto, programa ou credibilidade próprias, enquanto a oposição interna a Menezes se delicia a discutir a cor de fundo do emblema, as setas e as quotas. Quanto ao CDS transformou-se de um partido num caso de polícia. Suceder-lhe-á no país o que lhe aconteceu em Lisboa.
Isto, claro, a não ser que a situação económica internacional, de que ninguém fala em Portugal, tenha um impacto devastador na situação económica e social do país. E aí, seja Menezes, seja um totem que esteja na cadeira da S. Caetano à Lapa, o poder muda mesmo. O que seria um novo desastre anunciado com este PSD e com este CDS.
Na verdade, Cavaco Silva ganhou em 1985 não a Mário Soares, então Primeiro-Ministro, mas a Almeida Santos. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se fosse Mário Soares o “candidato” a Primeiro-Ministro do PS de então. António Guterres, em 1995 também não ganhou a Cavaco Silva, mas a Fernando Nogueira. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se fosse Cavaco Silva o “candidato” a Primeiro-Ministro do PSD de então. Durão Barroso também não ganhou em 2002 a António Guterres, mas a Ferro Rodrigues. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se fosse António Guterres o “candidato” a Primeiro-Ministro do PS de então.
Parece indiciar-se assim que se Sócrates se candidatar outra vez, não há oposição que valha. Parece. O clima que se vive faz lembrar o de 1991. Então também o país publicado era da oposição e o país real não só votou outra vez cavaco Silva, como lhe ampliou a maioria. Mas para mudar as regras basta uma primeira vez. Como bastou em 1987, quando Cavaco Silva obteve a primeira e até então considerada impossível no nosso sistema eleitoral, maioria absoluta de um só partido.
Só que para que essa regra possa mudar é necessário que várias condições se reúnam e uma delas é ter uma oposição credível. Coisa que em Portugal, neste momento, cumpre reconhecer que não existe.
O PS invadiu o eleitorado do centro-direita. Por sua vez, o PSD e o CDS não aprenderam nada com a humilhação eleitoral de 2005 e repetem na primeira fila os mesmos protagonistas que então se estatelaram na maioria absoluta de Sócrates, por sinal, a primeira do PS.
Resultado: a oposição é hoje o PCP, que cavalga a rua, acolitado por um Bloco de Esquerda repetitivo e sem frescura. Evidentemente que uma coisa é liderar politicamente a oposição, outra bem diferente é ter hipóteses de ganhar eleições. O PCP nunca as ganhará.
Do lado direito o cenário é desastroso. Luís Filipe Menezes irá certamente disputar as eleições. O PSD não tem hoje projecto, programa ou credibilidade próprias, enquanto a oposição interna a Menezes se delicia a discutir a cor de fundo do emblema, as setas e as quotas. Quanto ao CDS transformou-se de um partido num caso de polícia. Suceder-lhe-á no país o que lhe aconteceu em Lisboa.
Isto, claro, a não ser que a situação económica internacional, de que ninguém fala em Portugal, tenha um impacto devastador na situação económica e social do país. E aí, seja Menezes, seja um totem que esteja na cadeira da S. Caetano à Lapa, o poder muda mesmo. O que seria um novo desastre anunciado com este PSD e com este CDS.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
(Foto)
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