Reina o maior silêncio dos responsáveis políticos portugueses sobre a crise financeira mundial, que teve o seu epicentro no crédito hipotecário norte-americano.
Sócrates não quer falar de dificuldades, já que no horizonte tem umas eleições legislativas para ganhar e sabe de antemão que o eleitorado não gosta de más notícias. Já lhe basta ter de justificar avanços e recuos consoante a rua lhe dita.
Cavaco Silva, economista gabado, político consabidamente prudente e com aquele sentido de equilíbrio, convergência, cooperação ou assessoria institucional, consoante os casos, que o caracteriza, guarda de Conrado o prudente silêncio.
A oposição, entretida com quotas e com o fundo azul, o PSD e investigações criminais, o CDS, não diz uma palavra, não exige um esclarecimento, não propõe uma medida para nos prepararmos para o impacto da crise.
Os investidores, preocupados, regressam ao ouro, o eterno ouro, que assim vê também os seus preços subirem face ao aumento da procura. A moeda perde a confiança do mercado, debilitando-se como meio de riqueza. O que é paradoxal, face à inaudita valorização do euro face ao dólar.
As notícias, essas desmancha-prazeres, é que não páram. O petróleo a subir desmesuradamente, o euro sempre a galgar o dólar, as imobiliárias sem trabalho (só em Espanha o ano passado metade delas fecharam), o custo do dinheiro a aumentar (o que será dos bancos no dia em que tiverem nas mãos milhares de casas para vender devido ao incumprimento dos empréstimos? E a quem venderão?).
Isto tem um nome: crise. A palavra proibida. Uma crise que, talvez pela sua origem, afinal de contas parece ter começado no longínquo Ohio, onde, pasme-se!, não há só primárias para a Casa Branca, mas também economia, parece estar longe e não nos afectar. É talvez essa a ilusão dos grandiloquentes políticos domésticos.
Esta semana chegou o atestado de veracidade da crise que faltava. Aquela de que ninguém falava, foi finalmente reconhecida e falada. "A actual crise financeira nos Estados Unidos vai ser verdadeiramente considerada como a mais grave desde o fim da Segunda Guerra Mundial". A frase é de Alan Greenspan, que esteve à frente da Reserva Federal americana de 1987 a 2006.
Sócrates não quer falar de dificuldades, já que no horizonte tem umas eleições legislativas para ganhar e sabe de antemão que o eleitorado não gosta de más notícias. Já lhe basta ter de justificar avanços e recuos consoante a rua lhe dita.
Cavaco Silva, economista gabado, político consabidamente prudente e com aquele sentido de equilíbrio, convergência, cooperação ou assessoria institucional, consoante os casos, que o caracteriza, guarda de Conrado o prudente silêncio.
A oposição, entretida com quotas e com o fundo azul, o PSD e investigações criminais, o CDS, não diz uma palavra, não exige um esclarecimento, não propõe uma medida para nos prepararmos para o impacto da crise.
Os investidores, preocupados, regressam ao ouro, o eterno ouro, que assim vê também os seus preços subirem face ao aumento da procura. A moeda perde a confiança do mercado, debilitando-se como meio de riqueza. O que é paradoxal, face à inaudita valorização do euro face ao dólar.
As notícias, essas desmancha-prazeres, é que não páram. O petróleo a subir desmesuradamente, o euro sempre a galgar o dólar, as imobiliárias sem trabalho (só em Espanha o ano passado metade delas fecharam), o custo do dinheiro a aumentar (o que será dos bancos no dia em que tiverem nas mãos milhares de casas para vender devido ao incumprimento dos empréstimos? E a quem venderão?).
Isto tem um nome: crise. A palavra proibida. Uma crise que, talvez pela sua origem, afinal de contas parece ter começado no longínquo Ohio, onde, pasme-se!, não há só primárias para a Casa Branca, mas também economia, parece estar longe e não nos afectar. É talvez essa a ilusão dos grandiloquentes políticos domésticos.
Esta semana chegou o atestado de veracidade da crise que faltava. Aquela de que ninguém falava, foi finalmente reconhecida e falada. "A actual crise financeira nos Estados Unidos vai ser verdadeiramente considerada como a mais grave desde o fim da Segunda Guerra Mundial". A frase é de Alan Greenspan, que esteve à frente da Reserva Federal americana de 1987 a 2006.
As declarações de Greenspan geraram compreensivelmente inúmeras reacções políticas um pouco por todo o lado, incluindo na União Europeia. Excepto em Portugal. Por cá, faz-se de conta que a crise não existe. Apesar da magreza dos indicadores económicos, o discurso oficial do Governo é fazer de conta que estamos imunes à crise e no caminho certo. Entretanto, o Governo prepara-se para montar grandes operações financeiras necessárias à construção do novo aeroporto e do TGV. Se a crise durar, é legítimo perguntar qual o impacto que ela terá nesses investimentos. Mas também sobre isso, o Governo, nada diz. Os Governos, afinal, não se fizeram para grandes trabalheiras.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
(Foto)
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