quinta-feira, julho 05, 2007

(1251) HÁ REFERENDOS ETERNOS EXCEPTO OS DO ABORTO

Daniel Oliveira manifesta-se contra a criação de uma Ordem de Jornalistas, na sequência da proclamação do Movimento Informação é Liberdade. Não surpreende. Mas já me surpreende um dos argumentos utilizados para tal oposição. Diz Daniel Oliveira que "vale a pena recordar que ele (o projecto de criação de uma Ordem dos Jornalistas) foi devidamente chumbado, há uns anos, pela classe, em referendo." Não me parece que seja impedimento. Também a liberalização do aborto até às dez semanas tinha sido chumbada em referendo há uns anos pela classe dos cidadãos eleitores e aí, o Daniel, defendeu que se devia fazer outro referendo. Parece-me que, em coerência, deveria defender idêntica repetição neste caso, no máximo, ou, no mínimo, não invocar esse referendo como impeditivo para o avanço da criação de uma Ordem.

5 comentários:

Daniel Oliveira disse...

Assim, para criar uma ordem devem fazer um novo referendo. Foi o que, coerentemente defendi em relação ao aborto. Coerência absoluta.

PintoRibeiro disse...

Lapidar, lapidar.
Boa noite.

António de Almeida disse...

-Também tenho muitas dúvidas em relação à criação duma ordem dos jornalistas, profissão que me merece todo o respeito, mas não vejo necessidade da criação duma ordem, até porque deveríamos então estabelecer o que é jornalismo e o que não é, quem é ou não jornalista, quem pode ou não escrever, é bem diferente do estatuto dum médico, arquitecto, engenheiro ou advogado. Por exemplo, passariamos a considerar as revistas cor de rosa como imprensa? E será obrigatório que alguém se forme, esteja inscrito na ordem para poder dizer com quem passou ontem a noite o Cristiano Ronaldo? Ou quem bebeu uns copos a mais na discoteca? Tenho dúvidas, no mínimo é um assunto a debater com muita seriedade.

JPH disse...

Devo dizer, a título rigorosamente pessoal, que também defendo a necessidade de um novo referendo para se criar uma Ordem dos Jornalistas. Não só por uma questão de legitimação dessa ideia, como, sobretudo, para lhe dar peso quando a questão for discutida na AR.
João Pedro Henriques

Gabriel Silva disse...

Parece-me a ideia de uma ordem altamente preocupante. Estas derivam do poder do Estado que as cria, nelas delegando poderes publicos. Que poderes públicos estão em causa numa ordem de jornalistas?
Dizer quem pode ou não ser jornalista? A que propósito deve tal questão ser regulado publicamente, seja pelo estado seja comanditando uma ordem?
Que os jornalistas se associem , criem entre si mecanismos de auto-regulação, códigos de ética e processos de sancionamento internos. Se os mesmos forem criados e mantidos com rigor, a pertença a tais organizações não será apenas prestigiante, como legitimadora.