José Sócrates quer fazer da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia o seu Euro-2007. Assim mais ou menos seis meses com bandeirinhas à janela e, sobretudo, sem qualquer manifestação de discordância sobre o treinador, os jogadores e o modo como a equipa joga. Corra bem ou mal, o que é preciso é aplaudir, incensar, endeusar. Em 2004 quem criticava Scolari era quase descendente em linha recta de Miguel de Vasconcelos. Em 2007, quem ousar discordar da Presidência, quem ousar criticar o Governo, quem ousar discutir assuntos que não aqueles que a Presidência entende que se devem discutir comete, para Sócrates, um crime de lesa-Pátria.
Esta postura revela bem o provincianismo político do Primeiro-Ministro, mas, sobretudo, constitui uma tentativa inaceitável de condicionamento do debate político. Já o líder parlamentar do PS, em linha com a obediência às directrizes do seu Comité Central entende que discutir agora a possibilidade de um referendo ao futuro tratado europeu é uma questão minúscula, que não deve ser discutida. «Será um apoucamento provinciano antepor a estas grandes questões que são planetárias esta questão do minúscula e fora de tempo que é ratificar ou não um tratado», afirmou Alberto Martins. Provinciana é a postura deste outrora campeão de pedir a palavra para falar em frente aos poderosos.
Na cimeira de Bruxelas, os 27 decidiram excluir as palavras e manter a substância da Constituição europeia. No fundo tratou-se apenas de uma negociação de vocabulário. Depois da Agenda de Lisboa, que teve o sucesso que se sabe, os 27 decidiram tentar instituir a Constituição de Lisboa, esperamos nós que com o mesmo sucesso da Agenda. Mas para isso vai ser necessário um enorme combate político. Esse combate tem de derrotar ideias feitas do europês corrente, alimentado por um sistema de órgãos de comunicação social à escala europeia, que recebe dinheiro da Comissão Europeia para fazer programas de europês de massas, mera propaganda paga. Só entre 203 e 2006, a Comissão Europeia gastou 1, 707 milhões de euros a financiar programas sobre temas europeus nas estações de rádio e de televisão portuguesas ( SIC Notícias, RTP N, RTP Madeira, RTP 2, TSF, RR, RDP e R. Paris Lisboa).
Um exemplo desse europês corrente é a ideia segundo a qual a Europa só avança se se fizer, no mínimo, um tratado novo para aí de dois em dois anos. Se tal não suceder a Europa estagna. Esta ideia feita tem por finalidade a extinção dos Estados e a instituição de uma Europa federal. É uma evidência que não sucedeu nada de mal à Europa depois da humilhação nas urnas holandesas e francesas da primeira versão da constituição europeia. Outro exemplo desse europês corrente é a ideia de que os Estados que defendem os seus interesses, supremo pecado, são contra o avanço da Europa. Esta ideia primária esconde que todos os Estados fazem exactamente o mesmo, cada um à sua maneira e com o seu estilo. É certo que há Estados que o fazem menos e Estados que o fazem mais. Mas todos fazem.
Com a perspectiva da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, José Sócrates regressou feliz da cimeira. Infelizmente, não podemos acompanhar José Sócrates nem na felicidade nem nas graves afirmações que proferiu quando confrontado com a promessa que fez aos portugueses de referendar o próximo tratado europeu.
Já toda a gente percebeu que há uma tentativa de intromissão nos assuntos internos dos Estados no sentido de impedir a realização de referendos, que como se viu, podem estragar as mais reluzentes ilusões. Os jornais têm dado conta das pressões de Durão Barroso, um federalista empedernido e um alto funcionário dos Estados em Bruxelas obediente, no sentido de não se fazer o referendo prometido em Portugal pelo PS e pelo PSD. De Cavaco Silva nem se fala. E Sócrates está no bolso.
Aproximam-se dias difíceis. É verdade que os símbolos têm uma função. Mas também a verdade é que a substância sem os símbolos é tão má como com eles. O futuro tratado consagrará 80, 90 ou quase 100%, consoante a lupa do analista, da Constituição europeia derrotada em referendo. Há que dar a palavra aos cidadãos, essa maçada de que os políticos do sistema não gostam.
Esta postura revela bem o provincianismo político do Primeiro-Ministro, mas, sobretudo, constitui uma tentativa inaceitável de condicionamento do debate político. Já o líder parlamentar do PS, em linha com a obediência às directrizes do seu Comité Central entende que discutir agora a possibilidade de um referendo ao futuro tratado europeu é uma questão minúscula, que não deve ser discutida. «Será um apoucamento provinciano antepor a estas grandes questões que são planetárias esta questão do minúscula e fora de tempo que é ratificar ou não um tratado», afirmou Alberto Martins. Provinciana é a postura deste outrora campeão de pedir a palavra para falar em frente aos poderosos.
Na cimeira de Bruxelas, os 27 decidiram excluir as palavras e manter a substância da Constituição europeia. No fundo tratou-se apenas de uma negociação de vocabulário. Depois da Agenda de Lisboa, que teve o sucesso que se sabe, os 27 decidiram tentar instituir a Constituição de Lisboa, esperamos nós que com o mesmo sucesso da Agenda. Mas para isso vai ser necessário um enorme combate político. Esse combate tem de derrotar ideias feitas do europês corrente, alimentado por um sistema de órgãos de comunicação social à escala europeia, que recebe dinheiro da Comissão Europeia para fazer programas de europês de massas, mera propaganda paga. Só entre 203 e 2006, a Comissão Europeia gastou 1, 707 milhões de euros a financiar programas sobre temas europeus nas estações de rádio e de televisão portuguesas ( SIC Notícias, RTP N, RTP Madeira, RTP 2, TSF, RR, RDP e R. Paris Lisboa).
Um exemplo desse europês corrente é a ideia segundo a qual a Europa só avança se se fizer, no mínimo, um tratado novo para aí de dois em dois anos. Se tal não suceder a Europa estagna. Esta ideia feita tem por finalidade a extinção dos Estados e a instituição de uma Europa federal. É uma evidência que não sucedeu nada de mal à Europa depois da humilhação nas urnas holandesas e francesas da primeira versão da constituição europeia. Outro exemplo desse europês corrente é a ideia de que os Estados que defendem os seus interesses, supremo pecado, são contra o avanço da Europa. Esta ideia primária esconde que todos os Estados fazem exactamente o mesmo, cada um à sua maneira e com o seu estilo. É certo que há Estados que o fazem menos e Estados que o fazem mais. Mas todos fazem.
Com a perspectiva da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, José Sócrates regressou feliz da cimeira. Infelizmente, não podemos acompanhar José Sócrates nem na felicidade nem nas graves afirmações que proferiu quando confrontado com a promessa que fez aos portugueses de referendar o próximo tratado europeu.
Já toda a gente percebeu que há uma tentativa de intromissão nos assuntos internos dos Estados no sentido de impedir a realização de referendos, que como se viu, podem estragar as mais reluzentes ilusões. Os jornais têm dado conta das pressões de Durão Barroso, um federalista empedernido e um alto funcionário dos Estados em Bruxelas obediente, no sentido de não se fazer o referendo prometido em Portugal pelo PS e pelo PSD. De Cavaco Silva nem se fala. E Sócrates está no bolso.
Aproximam-se dias difíceis. É verdade que os símbolos têm uma função. Mas também a verdade é que a substância sem os símbolos é tão má como com eles. O futuro tratado consagrará 80, 90 ou quase 100%, consoante a lupa do analista, da Constituição europeia derrotada em referendo. Há que dar a palavra aos cidadãos, essa maçada de que os políticos do sistema não gostam.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
1 comentário:
Caro Jorge,
Vai ser o Canto do Cisne de Sócrates. Veja só o desespero deles.
A partir de Janeiro, veremos e falaremos...
Um abraço
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