quarta-feira, junho 13, 2007

(1130) A VENEZUELA CÁ DENTRO

Certamente inspirado pelos elogios do secretário de Estado António Braga à competência de Hugo Chavez, Aníbal Cavaco Silva decidiu passar uma reprimenda pública, em comunicado oficial da Presidência da República, à RTP, por esta ter interrompido por duas vezes a estimulante transmissão em directo das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. A tentação de Cavaco Silva intervir na comunicação social, para os mais esquecidos vem de longe, vem do Governo, onde tinha ministros especializados no assunto. Não se estranha, pois, que a coerência se mantenha, já que se sabe da estabilidade de Cavaco Silva, nas virtudes e nos defeitos. O que é espantoso é que a RTP se tenha vergado e pedido desculpas pelo sucedido, tendo de imediato anunciado uma retransmissão integral das comemorações! Quem julgava que a tentação de intervir na Comunicação Social era um exclusivo de José Sócrates e do seu Governo, está redondamente enganado. Em Belém mora a mesma tentação, embora agora menos visível porque as oportunidades do Presidente ficar desagradado com a política editorial da comunicação social são proporcionais aos seus poderes, ou seja, poucas. Atenta, veneranda e obrigada, a RTP, mostra a sua natureza de departamento audiovisual do sistema. Quanto ao Presidente, esse, estará impante do sucesso da reprimenda. E Portugal, então, coitado, lá vai cantando e rindo conforme lhe deixam os poderes em execrcício.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem. Convidado para escrever na Alameda Digital.
Vá lá, coloque um postal a publicitar a revista.

Luís Paulo Rodrigues disse...

É caso para dizer que Portugal vai recuar no tempo uma semana ou que a RTP 1, no próximo domingo, vai fazer concorrência à RTP Memória... Em nome de Portugal, de Camões, das Comunidades e de... Cavaco Silva.

De resto, a insatisfação do Presidente em relação à transmissão em directo das comemorações do 10 de Junho foi demasiado dura para não estar sustentada em dados muito concretos. Entre as 10h00 e as 13h00 do Dia de Portugal, a RTP emitiu dois blocos publicitários, um deles com perto de 15 minutos e outro com oito minutos. Enquanto o departamento comercial da estação pública facturava, ou fazia que facturava, para abater a dívida, a cerimónia de Setúbal, presidida por Cavaco, "deixava de existir" aos olhos do país e dos milhões de portugueses espalhados pelo mundo. Isto depois de os telespectadores terem tido opotunidade de medir o pulsar da popularidade dos nossos políticos, com Cavaco Silva a ser aplaudido pelo povo presente nas cerimónias e José Sócratas a receber vaias e assobios... Imaginamos a grande desorientação que terá invadido os bastidores da RTP face a tamanho desalinhamento popular...