Politicamente correcto é considerar que o PS vai renovar sossegadamente a maioria absoluta em 2009, exactamente como Cavaco Silva fez em 1991. Argumentos de sistema não faltam e surgirão, estou certo, na altura certa, pela voz das pessoas certas, as que se alimentam ao fim do mês dos ordenados certos, dos pareceres certos e das encomendas certas do Governo. A sacrossanta estabilidade, a confiança dos agentes económicos e do investimento, a previsibilidade da democracia (a qual, no limite, é incompatível com notícias desagradáveis sobre o PS nos jornais, nas rádios e nas televisões).
O Primeiro-Ministro já deu o mote, classificando de bota-abaixismo (eis um conceito que carece de explicação, o que será o bota-abaixismo? Será aquilo que Sócrates disse dos Governos PSD-CDS?) o discurso de Paulo Rangel nas comemorações do 25 de Abril no Parlamento.
Mas será tal prognóstico politicamente acertado? Até há uns meses atrás, talvez fosse. Mas hoje, as coisas estão diferentes. Nas políticas e nas pessoas.
Portugal atravessa o seu maior período de divergência com a Europa na economia nos últimos 60 anos. E o poder do PS está ferido na imagem e descontrolado nos comportamentos. Mais cedo do que seria de esperar os abusos autoritários e persecutórios da maioria absoluta saltaram para a rua.
O episódio dos diplomas de Sócrates (parece provado que há vários) é grave para o Primeiro-Ministro porque lhe afecta a imagem. A imagem é o centro da política de Sócrates. Atingida a imagem, está atingida a política. Claro que o país tem muito maiores e mais graves problemas que o da licenciatura de Sócrates. Mas basta andar na rua para perceber os danos. Não há português legítimo que não ensaie a piada fácil, a anedota oportuna, ou a simples frase crítica para com o Primeiro-Ministro.
E não foi por acaso que em Sócrates a imagem tomou conta do homem. Ele percebeu que se fosse a política, provavelmente perderia as eleições. A economia é o que é. O partido é o que é. Não há volta a dar. A gula clientelar do PS não é diferente da já vista com o PSD e com o CDS. Mas o PS bate os outros dois aos pontos na tentativa de controlar jornalistas, comunicação social e proprietários dos órgãos de comunicação social.
Ora, tal afã apenas revela medo. Medo do que possa vir a saber-se. E essa percepção gera a sensação de que há mais para saber. O país pode, surpreendentemente para muitos, enfastiar-se e mudar o voto. Hoje, 2009 é um ano político em aberto. E nem a ajudinha estratégica preciosa de Cavaco Silva pode ser suficiente para isentar o Governo de encontrar um iceberg nas urnas. Os mais bonitos paquetes já soçobraram a surpresas de navegação.
O Primeiro-Ministro já deu o mote, classificando de bota-abaixismo (eis um conceito que carece de explicação, o que será o bota-abaixismo? Será aquilo que Sócrates disse dos Governos PSD-CDS?) o discurso de Paulo Rangel nas comemorações do 25 de Abril no Parlamento.
Mas será tal prognóstico politicamente acertado? Até há uns meses atrás, talvez fosse. Mas hoje, as coisas estão diferentes. Nas políticas e nas pessoas.
Portugal atravessa o seu maior período de divergência com a Europa na economia nos últimos 60 anos. E o poder do PS está ferido na imagem e descontrolado nos comportamentos. Mais cedo do que seria de esperar os abusos autoritários e persecutórios da maioria absoluta saltaram para a rua.
O episódio dos diplomas de Sócrates (parece provado que há vários) é grave para o Primeiro-Ministro porque lhe afecta a imagem. A imagem é o centro da política de Sócrates. Atingida a imagem, está atingida a política. Claro que o país tem muito maiores e mais graves problemas que o da licenciatura de Sócrates. Mas basta andar na rua para perceber os danos. Não há português legítimo que não ensaie a piada fácil, a anedota oportuna, ou a simples frase crítica para com o Primeiro-Ministro.
E não foi por acaso que em Sócrates a imagem tomou conta do homem. Ele percebeu que se fosse a política, provavelmente perderia as eleições. A economia é o que é. O partido é o que é. Não há volta a dar. A gula clientelar do PS não é diferente da já vista com o PSD e com o CDS. Mas o PS bate os outros dois aos pontos na tentativa de controlar jornalistas, comunicação social e proprietários dos órgãos de comunicação social.
Ora, tal afã apenas revela medo. Medo do que possa vir a saber-se. E essa percepção gera a sensação de que há mais para saber. O país pode, surpreendentemente para muitos, enfastiar-se e mudar o voto. Hoje, 2009 é um ano político em aberto. E nem a ajudinha estratégica preciosa de Cavaco Silva pode ser suficiente para isentar o Governo de encontrar um iceberg nas urnas. Os mais bonitos paquetes já soçobraram a surpresas de navegação.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
1 comentário:
Bom fim de semana e um abraço.
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