(Cegos, Surdos e Mudos)
O Director do Público assina hoje um editorial histórico sobre a defesa da liberdade de imprensa. A situação actual da comunicação social portuguesa é deveras preocupante. Nos últimos tempos têm-se desenvolvido mecanismos de cumplicidades e dependencias ocultos, que são agora agravados pela atitude de um Governo que, depois de ter engendrado uma ERC com poderes estranhos quer até permitir interrupções imediatas de programação das televisões. A sociedade portuguesa está dominada por interesses que actuam sem contemplações sempre que se sentem ameaçados. Dir-me-ão: sempre foi assim. Talvez e eu sei-o bem, porque passei por situações em que o pude comprovar. Mas o que espanta hoje é o descaramento e a falta de pudor em condicionar a comunicação social. Há muitas coisas erradas na comunicação social? Pois há. Mas num Estado de Direito isso resolve-se nos Tribunais. Para os poderes em exercício isso não é suficiente. É preciso calar antes. É preciso condicionar antes. Se necessário, é preciso ameaçar antes. É falso que certos climas de terror sejam exclusivo do futebol. Também os há noutras áreas da vida portuguesa. Há jornalistas na prateleira. Há jornalistas condicionados. Há jornalistas a quem é claramente dito numa qualquer ocasião social que não se deviam ter metido nisto ou naquilo. Queixam-se alguns de que não há jornalismo de investigação em Portugal. Pois também não há. Mas isso não é certamente culpa dos jornalistas, mas de quem decide no silêncio insindicável dos gabinetes de edição decide sobre o que sai ou o que não sai. A ERC actual decorre de um pacto PS-PSD. Está tudo dito, não?
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