Enquanto os portugueses gastaram 994 euros por segundo em compras durante o Natal, dando aparente e enganadora razão ao discurso patético do Primeiro-Ministro na sua mensagem de Natal, não lhes passou certamente pela cabeça de que assuntos se iriam tentar esquecer durante o próximo ano. Enquanto gastarem talvez outro tanto em reveillons efémeros também os problemas existenciais não farão certamente parte da ementa de passagem de ano.Mas é certo que em 2007 vamos necessariamente ouvir falar muito de certas coisas. Não é preciso ser emulação de Zandinga para perceber quais os assuntos previsíveis, já que os que não o são, por natureza ninguém conhece.
Em 2007 continuaremos a ouvir falar das crises do PSD e do CDS. A primeira só se resolve quando o líder for do agrado de Belém, o que obviamente sucederá quando cheirar a mudança de ciclo político. A segunda só se resolverá se alguém puser no seu lugar os talibãs políticos que atormentam tudo e todos naquele partido desde 1996.
Em 2007 continuaremos a ouvir falar de corrupção e do Apito Dourado. Parece que, muitos anos depois da corrupção ter começado a minar o Estado democrático, o assunto pegou de estaca, embora de essencial nada tenha ainda acontecido. Anuncia-se novo livro de Rui Mateus (agora com a Internet é mais difícil resolver o problema retirando a edição das livrarias). Anuncia-se também novo livro de Carolina Salgado e, nestas coisas como noutras, o mais importante é o que acontecerá sem anúncio antecipado…
Em 2007, Portugal assumirá no segundo semestre a Presidência do Conselho de Ministros da União Europeia. A comunicação social prestaria um excelente serviço ao rigor informativo se não falasse em Presidência da União, que não existe, mas em Presidência do Conselho de ministros da União, que é o que Sócrates será de Julho a Dezembro. Nesse semestre António Costa será mais Primeiro-Ministro cá dentro e a Constituição europeia voltará a ameaçar a tranquilidade europeia, desmentido todos aqueles que lhe vaticinaram prematura morte.
Em 2007, Durão Barroso será cada vez menos Presidente da Comissão Europeia e virá cada vez mais vezes a Portugal tentando construir um futuro qualquer, depois da triste figura que fez em 2004.Indirectamente ligado a este assunto está um outro a que se tem dado pouca atenção em Portugal, mas que terá em 2007 um ano chave: o problema das transferências de prisioneiros em voos secretos da CIA, de que muitos souberam, mas poucos confessaram até agora. Por cá talvez alguns avanços e recuos internos e aparentemente inexplicáveis, se devam a este problema. Parece que toda a gente está à espera da confissão americana para ir atrás. Ainda bem que desta vez Vasco Rato não prometeu nada em público, como fez com as armas de destruição maciça no Iraque.No quotidiano popular o ano abrirá em clima de confiança como o Primeiro-Ministro gosta. Confiança que em 01 de Janeiro os combustíveis, a água, a luz, o gás, o tabaco, os transportes, as taxas de juro, tudo vai aumentar. Que feliz que deve ser um país onde os governantes, afinal, não mentem como na Hungria….
PS Aos leitores, profissionais e colaboradores do Semanário desejo um excelente Ano Novo.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
1 comentário:
Vasco Rato (Portugal), Rodrigo Rato (Espanha)
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